quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

“A profissão de professor é mal compreendida pela generalidade dos cidadãos”









José Augusto Cardoso Bernardes em entrevista
José Augusto Cardoso Bernardes é Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Coimbra, onde exerce também as funções de Presidente do Conselho Científico.

Fala-se muito na autonomia das escolas, mas os professores queixam-se de estarem presos a programas extensos e sem margem de manobra. Não se correrá o risco de estar a cercear-se a criatividade dos professores, a automatizá-los?
É preciso dizer que a profissão de Professor é mal compreendida pela generalidade dos cidadãos, em todo o mundo. Quem nunca deu aulas tem dificuldade em perceber e em valorizar o enorme desgaste psicológico que resulta da exposição continuada em sala de aula. Por isso me parece urgente e justa a instituição do ano sabático (interrupção de actividades lectivas por um ano ao fim de cada seis). Não ponho em causa algumas das medidas corajosas e necessárias que a senhora ministra tem vindo a tomar. Mas é muito necessário inverter esta permanente atitude de afrontamento, que parece notar-se inclusivamente no próprio semblante dos actuais responsáveis pelo Ministério, quando falam dos professores e com os professores. Superada essa crispação, há que mobilizar mais e melhor as energias dos nossos professores. É necessário, antes de tudo, dar-lhes tempo, estímulos e condições para se actualizarem, para desenvolverem projectos de investigação nas diferentes áreas, devidamente enquadrados e orientados para a melhoria do seu próprio desempenho. Mais uma vez basta olharmos para o que se passa noutros países e imitar os bons exemplos.

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